domingo, 13 de julho de 2014

Presença captada em foto

Presença captada em foto



A foto à seguir foi retirada de um fórum na web
O autor da foto não se revelou ,apenas publicou esta foto com a seguinte mensagem :





"Ora boas pessoal, eu já sou membro algum tempo, mas só agora publico algo, esta foto tem pouco mais de 1 semana, foi tirada no corredor da minha casa, eu e o meu irmão sempre falamos de estranhos acontecimentos dentro de casa, sempre pelas mesmas horas, como alguns sons não identificados ( passos, suspiros e interferências eletrônicas etc). Para não falar de estar sempre com a sensação que alguém está nos observando."


     Vou deixar a vosso critério o que pode ser essa névoa esquisita captada na foto.

Homem que sofre de paralisia do sono captura sombra bizarra em vídeo

Homem que sofre de paralisia do sono captura sombra bizarra em vídeo






Quem de vocês já teve paralisia do sono? Ela aterroriza muita gente que vez ou outra sofre com isso enquanto dorme. Quando se tem um episódio de paralisia do sono, a pessoa passa do sono para um momento de lucidez, mas não consegue abrir os olhos ou se mexer. É um tanto angustiante!
Muitos indivíduos afirmam que, durante essas ocorrências, eles têm certeza que sentem a presença de alguma entidade sinistra em sua cama ou até os sufocando de certa forma.
Em certos casos, as pessoas dizem que, mesmo sem conseguir abrir os olhos, têm alucinações simultâneas desagradáveis — conforme relatou 75% dos voluntários de um estudo de 1999 publicado no Journal of Sleep Research.
Há quem também relacione esse efeito com fenômenos espíritas ou até mesmo abdução alienígena. Para Mike Pike, um homem que sofre com essa condição da paralisia do sono, talvez uma dessas opções possa explicar o que ele registrou em vídeo recentemente.

O caso de Mike



Segundo o Examiner, Mike decidiu posicionar uma câmera para filmar o que ele experimentava durante o sono e seus episódios de paralisia. Então, a câmera capturou algo estranho pairando sobre ele, conforme a sombra projetada na parede de sua cabeceira.
Segundo contou ao Unexplained Mysteries, Mike muitas vezes acorda no meio da noite e experimenta um estado de semi-vigília, em que é incapaz de se mover. Em várias ocasiões, ele sentiu que não estava sozinho e, por vezes, percebeu uma figura sombria estranha que estaria ao pé de sua cama olhando para ele.
"Eu sou um racionalista e uma pessoa muito cética com nenhum interesse anterior em atividade paranormal, mas depois de fazer algumas pesquisas, parecia que havia uma possibilidade de que essa entidade fosse real", disse ele.
Em uma noite na semana passada, Mike decidiu colocar uma câmera em seu quarto para documentar o que estava acontecendo. O resultado foi assombroso. No vídeo, em torno dos 30 segundos, essa sombra bizarra se move na parede.  

Medo


"Eu assisti ao vídeo inúmeras vezes tentando descobrir alguma explicação lógica para o que poderia ter causado a imagem do que parece ser um fantasma, mas eu não sou capaz de chegar a uma resposta. Eu realmente estou começando a acreditar que eu capturei a entidade que vi durante a minha paralisia em vídeo. Isso me assusta tanto que não consigo mais dormir no meu quarto”, disse Mike.
Os cientistas afirmam que uma condição de paralisia do sono conhecido como hipnologia é o que provoca a ilusão de sombra nas pessoas. A pessoa que sofre a condição fica em um estado de sonho, mas eles estão cientes de seu ambiente. Durante esse estado das pessoas experimenta uma sensação de pavor, pressão em seu peito e as imagens visuais de seres sombrios.
Mas, no caso de Mike, ele não só sentiu e viu em seu estado de paralisia, como também supostamente conseguiu registrar a sombra em vídeo.
Será que é verdadeiro ou mais uma farsa da internet? Dê a sua opinião nos comentários abaixo.

Fonte : Megacurioso

terça-feira, 27 de maio de 2014

Coincidências do 11 de Setembro - Teorias da Conspiração

Coincidências do 11 de Setembro

Este é fraquinho...mas pode ser que vocês gostem. Tirem suas conclusões.  Wink

O 11 é, coincidência ou não, um número de destaque inquietante nesse evento:

New York City = 11 letras.

Afghanistan = 11 letras.

The Pentagon = 11 letras.

George W. Bush = 11 letras.

Ramzi Yousef = 11 letras (planejou o primeiro atentado ao WTC em 1993)


Até aqui, meras coincidências ou casualidades forçadas. Mas agora começa o interessante…

1 - Nova Iorque foi o 11º estado a se juntar à União dos EUA.

2 - O primeiro dos vôos que atingiu as Torres Gêmeas era o Nº 11, que levava a bordo 92 passageiros; a soma dos seus algarismos dá: 9+2 = 11.

3 - O outro vôo que bateu contra as Torres levava 65 passageiros; a soma dos seus algarismos dá: 6+5 = 11.

4 - As vítimas totais que faleceram nos aviões eram 254: 2+5+4 = 11.

5 - A tragédia aconteceu no dia 11 de Setembro, ou seja, 11 do 9; a soma dos seus algarismos dá: 1+1+9 = 11.

6 - O dia 11 de Setembro é o dia número 254 do ano: 2+5+4 = 11.

7 - A partir do 11 de Setembro sobram 111 dias até o fim do ano.

8 - Cada uma das duas torres tinham 110 andares.

9 - Se pensarmos nas Torres Gêmeas, damo-nos conta que tinham a forma de um gigantesco número 11.

10 - E, como se não bastasse, o atentado de Madrid aconteceu no dia 11.03.2004. Somando estes algarismos dá: 1+1+0+3+2+0+0+4 = 11.

11 - Este atentado aconteceu 911 dias depois do de New York. Somando os seus algarismos dá: 9+1+1 = 11.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Ritual para banir uma pessoa prejudicial da sua vida

Ritual para banir uma pessoa prejudicial da sua vida

Olá
Com tanta gente a precisar de um ritual de banimento, vou deixar aqui um que tenho utilizado. É simples na minha opinião.

Ritual para Banir uma pessoa prejudicial da tua vida:
Melhor dia: Sábado, de Lua Minguante (dia de Saturno, o ideal) ou terça-feira (dia de Marte)
Precisa de:
- Uma vela violeta (para ajudar a expandir a energia positiva)
- Uma vela preta (para banir energia negativa)
- Papel castanho (pode ser um bocado de cartolina castanha)
- Óleo essencial de mirra (espiritualidade e cura) ou manjericão (exorcismo e proteção)

Erguer um circulo protetor se desejado (é aconselhável).
Escrever no papel o nome completo da pessoa que você quer banir da sua vida. Por cima desse nome, escreva o teu nome ,de modo que tampe o nome da pessoa com o seu.
Unte as velas com o óleo enquanto pensa na sua vida quando ele te deixar em paz; nas coisas que vão melhorar. Coloque as velas por cima do papel uma de cada lado do nome (preta do lado esquerdo e violeta do lado direito) e acenda.
Enquanto visualiza as chamas da vela preta a aumentar e distender-se em volta da sua casa ou mais longe, proteja-se dizendo:
"I follow you, I cross you, I command you, I force you.
<O nome da pessoa que você quer banir>, son of/wife of/brother of/etc <Pessoa relacionada com quem queremos banir>, get out of my life now!
It does not harm me and free me, so be it."              


Veja a luz da vela vela violeta a expandir-se e a chegar a pessoa que queres banir transportando energia positiva fazendo-a te deixar em paz. Desfaça o circulo se um tiver sido erguido. Queime o papel e deixe as velas arderem até ao fim. Liberte as cinzas no vento; as velas pode colocar no lixo. Ambas as coisas devem ser jogadas fora, longe de tua casa.

Se não for possível encontrar os óleos essenciais ,pode usar as plantas mesmo. Espalhe-as pelo papel ou por cima das velas depois de acender ou coloca as plantas debaixo das velas antes de serem acesas.

Espero que seja útil

domingo, 25 de maio de 2014

Abandonado pela Disney

Abandonados Pela Disney

Alguns de vocês já ouviram falar que a Disney é responsável por, pelo menos, uma cidade fantasma de verdade. 

A Disney construiu o resort da Ilha do Tesouro nas Bahamas. Não começou como uma cidade fantasma! Os cruzeiros da Disney realmente paravam no resort e deixavam turistas lá pra que relaxassem em luxo.

Isso é FATO. Pode procurar. 

A Disney gastou 30.000.000,000 de pratas com o lugar. Sim. Trinta milhões de dólares. 

E aí deixaram pra lá.

Puseram a culpa nas águas rasas (rasas demais pros navios operarem com segurança) e até nos funcionários já que, como eram nativos de lá, eram preguiçosos demais pra trabalharem num horário decente.

É aí que os fatos acabam. Não foi por causa da areia, muito menos por que "estrangeiros são preguiçosos". Ambas foram desculpas convenientes. Não, sinceramente, não acredito que essas foram os verdadeiros motivos. Por que não caio na história oficial? Por causa do Palácio Mogli.


Perto da costa da Ilha Esmeralda, na Carolina do Norte, a Disney começara a construir um Palácio Mogli no fim dos anos 90. A ideia era um resort baseado na selva e, no meio da coisa toda, isso mesmo que você pensou, um enorme PALÁCIO. 

Se você não está familiarizado com a personagem Mogli, tente lembrar da história do Menino Lobo. Se nunca leu, deve conhecer um desenho famoso da Disney, de décadas atrás, com o mesmo nome. 

Mogli é uma criança abandonada na floresta, simplesmente criada por animais ao mesmo tempo que ameaçada/perseguida por eles. O Palácio Mogli foi uma manobra polêmica desde o início. A Disney comprou vários terrenos caríssimos pro projeto e teve realmente um escândalo envolvendo algumas dessas aquisições. O governo local tomou posse "urgente" de várias casas e as vendeu pra Disney. Chegou ao ponto de casas recém construídas serem condenadas sem nenhuma explicação. 

Os terrenos tomados pelas autoridades serviriam pra construção de uma estrada fictícia. Tendo plena consciência do que estava havendo, as pessoas começaram a chamá-la de Rodovia Mickey Mouse. 

Aí vieram os rascunhos da arte conceitual. Um grupo de almofadinhas da corporação fez uma reunião na cidade. Pretendiam mostrar pra todo mundo o quão lucrativo o projeto seria pra todos. Quando mostraram a arte conceitual, tinha um palácio tribal gigante... cercado de SELVA... cheio de homens e mulheres de tanguinha e apetrechos indígenas... bom, é justo falar que todo mundo surtou. Estavam falando de tribal, selva e tanguinhas no centro de um lugar no Sul dos Estados Unidos que não só era relativamente rico como também xenofóbico. Era uma mistura difícil de engolir para aquela época. Um dos presentes tentou espalhar sua revolta, mas foi rapidamente imobilizado pelos seguranças depois de quebrar um dos quadros da apresentação com o joelho. 

A Disney pegou aquele bairro e quebrou todo também. Casas foram demolidas, terra foi batida e a população não pôde fazer ou falar porcaria nenhuma. A TV e os jornais foram contra o resort no início, mas alguma conexão insana entra o pessoal da Disney e as mídias locais se fez presente e as opiniões mudaram na hora. 

Foi isso aí, Ilha do Tesouro, Bahamas. A Disney enfiou milhões lá e ficou por isso mesmo. Aconteceu de novo o Palácio Mogli. 

A construção foi acabada. Visitantes se hospedavam lá. Os arredores encheram de trânsito e de mais todas as perturbações associadas a um fluxo intenso de turistas irritados e perdidos.

E então acabou. 

A Disney fechou o resort e ninguém teve nem ideia do que diabos acontecera. Mas todo mundo ficou bem feliz com isso. A perda da Disney foi uma coisa hilária e maravilhosa pra um grande grupo de pessoas que não quiseram aquilo em primeiro lugar.

Sinceramente nunca mais dei bola pra história desde o fechamento do lugar, mais de uma década atrás. Moro a umas quatro horas da Ilha Esmeralda e só ouvi relatos, nunca vivi o que de fato aconteceu. 

Até que li um artigo de um cara que explorou a Ilha do Tesouro e montou um blog inteiro com todo tipo de merda que achou lá. Coisas... deixadas pra trás. Quebradas, destruídas e arruinadas pelos empregados revoltados por terem perdido o emprego. 

Cacete, provavelmente até os moradores tinham dedo naquela destruição toda. As pessoas ficaram tão putas com a Ilha do Tesouro quanto a galera aqui ficou com o Palácio Mogli. Aliás, os boatos eram de que a Disney liberou todo o "estoque" do aquário nas águas locais quando fechou o resort, incluindo tubarões.

Bom, quem não gostaria de se promover com essa história?

O que quero falar é que esse blog sobre a Ilha do Tesouro me fez pensar. Apesar de terem passado muitos anos desde o fechamento, pensei que talvez fosse legal fazer algum tipo de "trilha urbana" no Palácio Mogli. Tirar umas fotos, escrever sobre, provavelmente ver se podia levar algo pra casa de lembrança. 

Não vou dizer que fui pra lá na hora, por que, na verdade, passou um ano desde que descobri o artigo da Ilha do Tesouro até que eu fosse lá mesmo. 

Durante esse ano, pesquisei o Palácio e o resort... Melhor, tentei.

Naturalmente, nenhum site ou fonte oficial relacionada a Disney fazia sequer menção ao Palácio. Limparam bem os rastros.

Mais estranho ainda foi o fato de que aparentemente ninguém antes de mim pensou em escrever sobre o Palácio ou coisa assim. Nenhuma das emissoras de TV e jornal locais sabiam dizer uma palavra sobre, o que até era o esperado já que dançaram conforme a música da Disney. Não sairiam por aí simplesmente comentando a vergonha dela, saca?

Por fim, não conseguia nem mesmo imaginar onde era o lugar. Tudo o que tinha de guia era um mapa velho pra cacete que chegara pelo correio no fim dos anos 90. Um item promocional enviado àqueles que haviam visitado o Disney World recentemente e, como tinha passado lá no fim dos anos 80, era um desses visitantes "recentes".

Não pensei realmente em me apoiar nele. Tinha sido enfiado dentro da minha gaveta com todos os livros e quadrinhos da minha infância. Só lembrei dele depois de meses pesquisando e, mesmo assim, precisei de semanas até achá-lo na caixa que meus pais jogaram minhas coisas. 

Mas ACHEI o lugar. Os moradores não ajudaram em nada, já que a maioria era de gente que acabara de se mudar... ou de gente velha que simplesmente grunhia pra mim e fazia gestos mal educados assim que eu começava com "Onde posso achar o Palá-".

A viagem seguiu por uma longa estrada cheia de plantas. Espécimes tropicais tinham crescido como pragas e superpopularam a área, disputando com as espécimes nativas que realmente ERAM daquele lugar e tentavam retomar posse da terra.

Fiquei boquiaberto quando cheguei ao portão de entrada do resort. Portas enormes, de madeira de aparência monolítica, cujos suportes pareciam arrancados diretamente de sequoias gigantes. 

Grudado no portão havia um pedaço de alumínio, um quadrado, com letras pintadas a tinta preta.

"ABANDONADO PELA DISNEY". Claramente uma obra de arte de algum morador ou ex-empregado que tentava protestar. 

Os portões estavam entreabertos o suficiente pra passar sem o carro. Segui em frente com uma câmera digital e o mapa, que continha desenhos do layout do resort.

O interior era tão cheio de plantas quanto o exterior. Os coqueiros, sem poda e cuidados, foram engolidos por pilhas formadas por seus próprios frutos. As bananeiras tinham se tornado, também, uma mistura de fedor e casulos de insetos. Havia um tipo disputa eterna entre a ordem e o caos, exemplificada por fileiras de uma espécie de flores, cuidadosamente plantadas nos lugares certos, que jaziam intercaladas por ervas daninhas grotescas e cogumelos escuros e mal cheirosos. 

Tudo o que sobrara do lado de fora se resumia a madeira quebrada e podre e outros materiais não identificáveis. O que parecia ter sido um outdoor ou um letreiro de bar era agora somente uma pilha de detritos, destruídos por vândalos e maltratado pelo clima.

A coisa mais interessantes no chão era uma estátua do Baloo, o amigo urso de O Menino Lobo, posta em uma espécie de cercado na frente do prédio principal. O personagem estava congelado num eterno cumprimento pra ninguém, encarando o vazio com um sorriso idiota e cheio de dentes, e pedaços inteiros de seu "pelo" estavam cobertos de cocô de passarinho. Ervas daninhas subiam por sua plataforma. 

Segui pro prédio principal - o PALÁCIO - e vi que a parte de fora, nas partes em que a pintura original não tinha caído ou apodrecido, estava coberta de pichações. As portas da frente não estavam abertas, tinham sido arrancadas das dobradiças e levadas de lá. 

Acima das portas, ou melhor, do buraco onde elas estiveram um dia, alguém pintou de novo "ABANDONADO PELA DISNEY". 

Queria poder falar que encontrei várias coisas maneiras dentro do Palácio. Estátuas esquecidas, registradoras abandonadas ou uma sociedade secreta e autossustentável de mendigos. 

O interior do prédio estava tão consumido, tão vazio, que cheguei a pensar que roubaram até o reboco das paredes. Qualquer coisa que fosse grande demais pra levar... Balcões, mesas, grandes árvores falsas... Tudo jazia misturado nessa câmara de eco que fazia cada passo parecer o ta-ta-ta de uma metralhadora lerda. 

Chequei o piso e segui pra onde parecia interessante.

A cozinha estava daquele jeito... Uma cozinha industrial, cheia de equipamentos e espaço, construída a partir de um orçamento generoso. Superfícies de vidro foram quebradas, portas derrubadas das dobradiças e superfícies de metal amassadas por chutes. O lugar todo cheirava a mijo velho.

O imenso freezer, nem um pouco frio, tinha fileiras e fileiras de prateleiras vazias. Ganchos, provavelmente de carne, pendiam do teto. Fiquei lá dentro um pouco e reparei que eles se moviam. 

Cada gancho balançava numa direção aleatória, mas seus movimentos eram tão discretos e lentos que era quase impossível notar. Imaginei que fosse resultado dos meus passos e, então, parei cada um com a minha mão, soltando cuidadosamente depois. Dentro de segundos, voltaram a mexem de novo.

Os banheiros estavam praticamente do mesmo jeito. Assim como o resort da Ilha do Tesouro, alguém tinha, metodicamente, quebrado cada vaso de porcelana com cocos e outros objetos. Tinha uns dois centímetros de água parada no chão, rançosa e fedorenta, por isso não fiquei muito tempo lá. 

O mais estranhos é que os vasos e pias (e bidês dos banheiros femininos - sim, fui lá também) vazavam, pingavam e desperdiçavam água. Me pareceu que deviam ter cortado a água há muito, MUITO tempo. Havia bastante quartos no resort, mas obviamente eu não tinha tempo de investigar todos eles. Os poucos que vi estavam igualmente destruídos e não esperei achar nada lá. Imaginei que houvesse um rádio ou uma televisão em algum deles, por que realmente pensei ter ouvido uma conversa baixinho.

Apesar de parecer um sussurro, provavelmente minha própria expiração ecoando no silêncio ou água corrente me pregando peças na mente, as palavras pareciam:

-Não acreditei...

-(resposta curta)

-Não sabia disso... Não sabia...

-Seu pai te disse.

-(resposta curta ou possível choro)

Tá, tá... Parece ridículo. Só estou contando o que passei, por que pensei que pudesse ter alguém correndo naquele quarto - pior ainda, vagabundos que se escondiam ali e provavelmente me esfaqueariam. 

Ao olhar pro lado de fora, vi algo interessante no pátio que não tinha percebido da primeira vez.

Uma coisa que me daria pelo menos o QUÊ mostrar depois de tanto esforço, nem que fosse só uma foto.

Havia uma estátua perfeita de uma píton, de uns dois metros, toda aconchegada tomando banho de sol num pedestal bem no meio da área. Tava quase na hora do sol se pôr e a luz caía sobre aquilo de um jeito PERFEITO pra uma foto. 

Cheguei perto da píton e tirei a foto. Fiquei na ponta dos pés e tirei outra. Me aproximei pra pegar detalhes de seu rosto.

Lenta e casualmente, a píton levantou a cabeça, me olhou no fundo dos olhos, se virou e rastejou pra fora do pedestal, seguiu pela grama e sumiu entre as árvores. Todos os centímetros de seus dois metros e meio. A cabeça sumira tempos antes do rabo descer do pedestal. 

A Disney soltara todos os seus animais exóticos por aí. No meu mapa, eu estava na casa dos répteis. Devia saber. Li sobre os tubarões da Ilha do Tesouro, DEVIA saber que eles fizeram isso. 

Eu estava apavorado e completamente estupefato. Minha boca permaneceu aberta por um longo tempo antes de eu me tocar e voltar a terra. Pisquei algumas vezes e me distanciei de onde a cobra estivera, em direção ao Palácio. 

Mesmo ela tendo ido embora, decidi não arriscar mais e volte pra dentro do prédio. Demorou algumas baforadas e uns tapas na minha fuça pra eu sair do transe. 

Procurei algum lugar onde pudesse sentar por que minhas pernas pareciam gelatina. Claro, não havia NENHUM lugar pra sentar, a não ser que eu me contentasse com vidro quebrado e tapete de folha morta ou me apoiar em algum balcão questionável. 

Tinha visto uma escada perto do lobby e decidi voltar pra me sentar até que me sentisse melhor. A escada estava longe o suficiente da frente do prédio pra estar relativamente limpa, à exceção de uma crosta de poeira. Tirei uma placa de metal da parede, também pintada com o bordão ABANDONADO PELA DISNEY, com o qual já me acostumava. Pus a placa na escada pra que pudesse sentar sem me sujar tanto. 

A escadaria seguia pra baixo. Improvisando uma lanterna com o flash da câmera, pude ver que os degraus davam num portão de metal com barras. Uma placa na porta - dessa vez uma placa de verdade - lia "MASCOTES APENAS - OBRIGADO!".

Isso me deixou animado por dois motivos. Primeiro, uma área só pra mascotes com certeza tinha coisa interessante naquela época... Segundo, as barras da porta ainda estavam lá. Ninguém se aventurara lá embaixo. Nem os vândalos, nem os ladrões, ninguém.

Era o único lugar que eu podia realmente "explorar" e, quem sabe, achar coisa interessante pra fotografar ou roubar na cara de pau. Vim pro Palácio num acordo comigo mesmo, de que não seria ruim pegar o que eu quisesse por que - né - "abandonado". 

Não deu muito trabalho pra abrir a fechadura. Tá, na verdade, minto. Não levou muito tempo pra arrancar a parte de metal por onde as barras da porta estavam presas. O tempo e o abandono fizeram a maior parte do trabalho. Pude dobrar a placa de metal o suficiente pra arrancar os pregos da parede e entrar - coisa que ninguém antes pensou, ou conseguiu, tempos atrás. 

A área reservada pra Mascotes era assustadora de verdade, e uma mudança bem-vinda do resto do prédio. Só pra constar, esporadicamente, algumas lâmpadas ainda acendia, piscando e desligando aleatoriamente. Além do mais, nada fora roubado ou quebrado, mesmo sofrendo os efeitos do tempo e da falta de manutenção. 

As mesas tinham cadernos e canetas, e havia relógios... Mesmo um lugar pra bater ponto na parede, completo com as fichas dos trabalhadores. Cadeiras estavam espalhadas e havia um espaço com uma televisão velha e cheia de estática e comida e bebida estragadas nos balcões. 

Parecia um filme pós-apocalíptico, em que tudo é deixado pra trás na hora da evacuação.

Enquanto caminhava por entre os corredores, que pareciam um labirinto, a paisagem ficou cada vez mais interessante. Me embrenhando mais fundo, mesas e cadeiras foram jogadas no chão, papéis espalhados e quase fundidos ao chão úmido, e um carpete que já começava a absorver a podridão da madeira roxa do piso. 

Tava tudo meio "derretido". O que eu tocava se desfazia, mesmo se o toque tivesse sido dos mais leves, e as peças de roupa das araras dentro de um dos quartinhos simplesmente se desfez numa maçaroca úmida quando encostei. 

O que me incomodava mesmo era a luz, cada vez mais esparsa e fraca à medida que seguia mais fundo naquele espaço úmido e sufocante do Palácio. 

Eventualmente, cheguei a uma porta listrada de preto e amarelo com as palavras "PREP DOS PERSONAGENS" desenhada nela.

A porta não abriu de primeira. Imaginei que fosse onde as fantasias estavam guardadas e eu realmente precisava de uma foto dessa visão suja e retorcida. Mas por mais que eu tentasse, a porta não abria. 

Quer dizer, até eu desistir e começar a ir embora. Foi quando ouvi um barulho e a porta abriu, lentamente. 

Por dentro, o quarto estava completamente escuro. Completamente. Usei o flash pra tentar achar um interruptor na parede, mas não havia nada. 

Enquanto procurava, fui interrompido por um barulho de eletricidade. Fileiras de luzes acima de mim simplesmente acenderam, algumas piscando e falhando como as outras do início. 

Precisei de um segundo pra ajustar os olhos, parecia que a luz iria ficar mais e mais brilhante até explodir os bulbos... mas justamente quando pensei que chegaria nesse ponto, as luzes enfraqueceram e estabilizaram. 

O quarto era exatamente o que eu pensei. Várias fantasias da Disney penduradas nas paredes, arrumadas pra parecerem cadáveres de algum desenho animado esquisito. 

Tinha uma arara inteira só de tanguinhas e vestes "nativas" ao fundo. O que achei esquisito, e quis fotografar na hora, era uma fantasia de Mickey Mouse no centro da sala. Ao contrário das outras, estava jogada de costas, como a vítima de um assassinato. O pelo da fantasia estava podre e se desmanchava, formando falhas. Mais estranho ainda, porém, era a cor da fantasia. Era como um negativo do Mickey de verdade. Preto onde devia ser branco e branco onde devia ser preto. O resto, normalmente, vermelho, era azul claro. 

A visão era perturbadora o suficiente pra me fazer deixar aquela foto pro final. 

Fotografei as fantasias nas paredes. De cima, debaixo, de lado, mostrando uma arara inteira de desenhos animados estáticos e putrefatos, alguns sem os olhos de plástico.

Decidi montar uma foto. Uma das cabeças decapitadas das fantasias. Agarrei uma fantasia de Pato Donald e, cuidadosamente pra que não desmontasse, retirei a cabeça. Enquanto eu encarava aquela cabeça olhuda, um barulho alto me fez pular de medo. 

Olhei pros meus pés, e entre eles havia um crânio humano. Caíra da cabeça do mascote e se desmanchou em mil pedacinhos; só uma cara vazia e um maxilar sobraram, olhando de volta pra mim. Deixei a cabeça do Donald cair na hora, como vocês fariam, e corri para a porta. Na saída pro corredor, olhei pra trás pro crânio.

Eu precisava de uma foto, saca? PRECISAVA, por inúmeras razões que talvez pareçam bobas, mas não são se você pensar bem.

Precisava de prova do ocorrido, principalmente por que a Disney queria encobrir isso. Sem dúvida, desde o começo, mesmo que isso fosse só vista grossa das feias, a Disney era RESPONSÁVEL. 

Foi quando o Mickey, o negativo, o oposto do Mickey, no meio do chão, começou a se levantar. 

Primeiro sentou, depois se pôs de pé... a fantasia... ou quem estivesse lá dentro... parou no centro da sala, o rosto me encarando diretamente enquanto eu repetia "não"...

Com mãos trêmulas, o coração batendo contra o peito, e pernas de gelatina, consegui levantar a câmera e mirar a criatura-negativo que agora me encarava em silêncio. 

A tela da câmera, contra a luz, mostrava só pixels no formato da coisa. Era a silhueta perfeita da fantasia do Mickey. A câmera, se movendo nas minhas mãos instáveis, acompanhava o contorno do Mickey enquanto ele se mexia. Aí a câmera desligou. Ficou quieta, a tela apagada...quebrada...

Voltei a encarar a fantasia do Mickey.



-Ei.... - chamou, numa imitação perfeita, retorcida e sussurrada da voz do Mickey - quer ver minha cabeça saindo?

Começou a puxar a própria cabeça, com seus dedos desajeitados, num movimento similar a de um homem ferido tentando se livrar dos dentes do predador...

Enquanto remexia o pescoço... tanto sangue saindo..

Um líquido grosso, amarelo e fedorento...

Me virei assim que ouvi o ruído nauseante de tecido e pele sendo rasgados... Só quis fugir. Acima da porta, do lado de fora do quarto, vi a mensagem final, marcada em metal com ossos... ou unhas...

ABANDONADO POR DEUS





Nunca descarreguei as fotos da câmera. Nunca escrevi um blog sobre. Depois de correr daquele lugar, pela minha sanidade, se não pela minha própria vida, soube por que a Disney não queria que ninguém soubesse...

Não queriam ninguém como eu entrando...

Não queriam que aquilo saísse...

domingo, 2 de março de 2014

A Casa Sem Fim

A Casa Sem Fim




Deixe-me começar dizendo que Peter Terry era viciado em heroína. Nós éramos amigos na faculdade e continuamos sendo após eu ter me formado. Note que eu disse "eu". Ele largou depois de 2 anos mal feitos. Depois que eu me mudei do dormitório para um pequeno apartamento, não via Peter com muita frequência. Nós costumávamos conversar online as vezes (AIM era o rei na época pré-facebook). Houve um tempo que ele não ficou online por cinco semanas seguidas. Eu não estava preocupado. Ele era um notável viciado em cocaína e drogas em geral, então eu assumi que ele apenas parou de se importar. Mas então, uma noite, eu o vi entrando. Antes que eu pudesse começar uma conversa, ele me mandou uma mensagem.

"David, cara, nós precisamos conversar."

Foi quando ele me disse sobre a Casa sem Fim. Ela tinha esse nome pois ninguém nunca alcançou a saída final. As regras eram bem simples e clichês: chegue na saída final e você ganha 500 dólares, nove cômodos no total. A casa estava localizada fora da cidade, aproximadamente 7km da minha casa. Aparentemente ele tentou e falhou. Ele era viciado em heroína e sabe lá em mais o que, então eu imaginei que as drogas tinham feito ele se cagar todo por causa de um fantasma de papel ou algo assim. Ele me disse que seria demais pra qualquer um. Que não era normal. Eu não acreditei nele. Por que eu deveria? Eu disse a ele que iria checar isso na outra noite, e não importava o quanto ele tentasse me fazer não ir, 500 dólares soava bom demais pra ser verdade, eu precisava tentar. Fui na noite seguinte. Isso foi o que aconteceu.

Quando eu cheguei, imediatamente notei algo estranho sobre a casa. Você já viu ou leu algo que não deveria te assustar, mas por alguma razão te gelava a espinha? Eu andei através da construção e o o sentimento de mal estar apenas aumentou quando eu abri a porta da frente.

Meu coração desacelerou e soltei um suspiro aliviado assim que entrei. O cômodo parecia como uma entrada de um hotel normal decorada para o Halloween. Um sinal foi colocado no lugar onde deveria ter um funcionário. Se lia "Quarto 1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e você vence!" Eu ri e fui para a primeira porta.

A primeira área era quase cômica. A decoração lembrava o corredor de Halloween de um K-Mart, cheia de fantasmas de lençol e zumbis robóticos que soltavam um grunhido estático quando você passava. No outro lado tinha uma saída, a única porta além da qual eu entrei. Passei através das falsas teias de aranha e fui para o segundo quarto.

Fui recebido por uma névoa assim que abri a porta do segundo quarto. O quarto definitivamente apostou alto nos termos de tecnologia. Não havia apenas uma máquina de fumaça, mas morcegos pendurados pelo teto e girando em círculos. Assustador. Eles pareciam ter em algum lugar da sala, uma trilha sonora em loop de Halloween que qualquer um encontra em uma loja de R$1,99. Eu não vi um rádio, mas imaginei que eles tenham usado um sistema de PA. Eu pisei em cima de alguns ratos de brinquedo com rodinhas e andei com o peito inchado para a próxima área. Eu alcancei a maçaneta e meu coração parou. Eu não queria abrir essa porta. O sentimento de medo bateu tão forte que eu mal conseguia pensar. A lógica voltou depois de alguns momentos aterrorizantes, e eu abri a porta e entrei no próximo cômodo.

No quarto 3 foi quando as coisas começaram a mudar.

A primeira vista, parecia como um quarto normal. Havia uma cadeira no meio do quarto com piso de madeira. Uma lâmpada no canto fazia o péssimo trabalho de iluminar a área, e lançava algumas sombras sobre o chão e as paredes. Esse era o problema. Sombras. Plural. Com a exceção da cadeira, havia outras. Eu mal tinha entrado e já estava apavorado. Foi naquele momento que eu soube que algo não estava certo. Eu nem sequer pensava quando automaticamente tentei abrir a porta de qual eu vim. Estava trancada pelo outro lado.

Isso me deixou atormentado. Alguém estava trancando as portas conforme eu progredia? Não havia como. Eu teria ouvido. Seria uma trava mecânica que fechava automaticamente? Talvez. Mas eu estava muito assustado pra pensar. Eu me voltei para o quarto e as sombras tinham sumido. A sombra da cadeira permaneceu, mas as outras se foram. Comecei a andar lentamente. Eu costumava alucinar quando era criança, então eu conclui que as sombras eram um produto da minha imaginação. Comecei a me sentir melhor assim que fui para o meio da sala. Olhei para baixo enquanto andava, e foi aí que eu vi. A minha sombra não estava lá. Eu não tive tempo para gritar. Corri o mais rápido que pude para a outra porta e me atirei sem pensar no próximo quarto.

O quarto cômodo foi possivelmente o mais perturbador. Assim que eu fechei a porta, toda a luz pareceu ser sugada para fora e colocada no quarto anterior. Eu fiquei ali, rodeado pela escuridão, e não conseguia me mexer. Não tenho medo do escuro, e nunca tive, mas eu estava absolutamente aterrorizado. Toda a minha visão tinha me deixado. Eu ergui minha mão na frente do meu rosto e se eu não soubesse que tinha feito isso, nunca seria capaz de contar. Não conseguia ouvir nada. Estava um silêncio mortal. Quando você está em uma sala à prova de som, ainda é capaz de se ouvir respirar. Você consegue ouvir a si mesmo estar vivo. Eu não podia. Comecei a tropeçar depois de alguns momentos, a única coisa que eu podia sentir era meu coração batendo rapidamente. Não havia nenhuma porta à vista. Eu não tinha nem sequer certeza se havia uma porta mesmo. O silêncio foi quebrado por um zumbido baixo.

Senti algo atrás de mim. Vire-me bruscamente mas mal conseguia ver meu nariz. Mas eu sabia que era lá. Independentemente do quão escuro estava, eu sabia que tinha algo lá. O zumbido ficou mais alto, mais perto. Parecia me cercar, mas eu sabia que o que quer que estivesse causando o barulho, estava na minha frente, se aproximando. Dei um passo para trás, eu nunca tinha sentido esse tipo de medo. Eu realmente não consigo descrever o verdadeiro medo. Não estava nem com medo de morrer, mas sim do modo que isso ia acontecer. Tinha medo do que a coisa reservara para mim. Então as luzes piscaram por menos de um segundo e eu vi. Nada. Eu não vi nada e eu sei que eu não vi nada lá. O quarto estava novamente mergulhado na escuridão, e o zumbido era agora um guincho selvagem. Eu gritei em protesto, não conseguiria ouvir o barulho por mais um maldito minuto. Eu corri para trás, longe do barulho, e comecei a procurar pela maçaneta. Me virei e cai dentro do quarto 5.

Antes que eu descreva o quarto 5, você deve entender algo. Eu não sou um viciado. Nunca tive história de abuso de drogas ou qualquer tipo de psicoses além das alucinações na minha infância que eu já mencionei, e elas eram apenas quando eu estava realmente cansado ou tinha acabado de acordar. Eu entrei na Casa sem Fim limpo.

Depois de cair do quarto anterior, minha visão do quinto quarto foi de costas, olhando pro teto. O que eu vi não me assustou, apenas me surpreendeu. Árvores tinha crescido no quarto e se erguiam acima da minha cabeça. O teto desse quarto era mais alto que os outros, o que me fez pensar que eu estava no centro da casa. Me levantei do chão, me limpei e olhei ao redor. Era definitivamente o maior quarto de todos. Eu sequer conseguia ver a porta de onde eu estava, os vários arbustos e árvores devem ter bloqueado a minha linha de visão da saída. Nesse momento eu notei que os quartos estavam ficando mais assustadores, mas esse era um paraíso em comparação ao último. Também assumi que o que estava no quarto quatro ficou lá. Eu estava incrivelmente errado.

Conforme eu andava, comecei a ouvir o que se poderia ouvir em uma floresta, o barulho dos insetos se movendo e dos pássaros voando pareciam ser as minhas únicas companhias nesse quarto. Isso foi o que mais me incomodou. Eu podia ouvir os insetos e os outros animais, mas não conseguia vê-los. Comecei a me perguntar quão grande essa casa era. De fora, quando eu caminhei até ela, parecia como uma casa normal. Era definitivamente na maior parte da casa, já que tinha quase uma floresta inteira. A abóbada cobria minha visão do teto, mas eu assumi que ele ainda estava lá, por mais alto que fosse. Eu também não via nenhuma parede. A única maneira que eu sabia que ainda estava dentro da casa era por causa do chão compatível com o dos outros quartos, pisos escuros de madeira. Continuei andando na esperança que a próxima árvore que eu passasse revelaria a porta. Depois de alguns momento de caminhada, senti um mosquito no meu braço. O espantei e continuei. Um segundo depois, senti cerca de dez mais deles em diferentes lugares da minha pele. Senti eles rastejarem para cima e para baixo nos meus braços e pernas, e algum deles foram para o meu rosto. Eu me agitava freneticamente para espantá-los mas eles continuavam rastejando. Eu olhei para baixo e soltei um grito abafado, mais um ganido, para ser honesto. Eu não vi um único inseto. Nenhum inseto estava em mim, mas eu conseguia senti-los. Eu ouvia eles voando pelo meu rosto e picando a minha pele, mas não conseguia ver um único inseto. Me joguei no chão e comecei a rolar descontroladamente. Eu estava desesperado. Eu odiava insetos, especialmente os que eu não conseguia ver ou tocar. Mas eles conseguiam me tocar, e estavam por toda parte.

Eu comecei a rastejar. Não tinha ideia para onde estava indo, a entrada não estava a vista, e eu ainda não tinha visto a saída. Então eu apenas rastejei, minha pele se contorcendo com a presença desses insetos fantasmas. Depois do que pareceu horas, eu achei a porta. Agarrei a árvore mais próxima e me apoiei nela, eu dava tapas nos meus braços e pernas, sem sucesso. Tentei correr mas não conseguia, meu corpo estava exausto de rastejar e lidar com o que quer que estivesse no meu corpo. Eu dei alguns passos vacilantes até a porta, me segurando em cada árvore para me apoiar. Estava a poucos passos da porta quando eu ouvi. O zumbido baixo de antes. Estava vindo do próximo quarto, e era mais profundo. Eu podia quase senti-lo dentro do meu corpo, como quando você está do lado de um amplificador em um show. O sensação dos insetos em mim diminuiu quando o zumbido ficou mais alto. Assim que eu coloquei a mão na maçaneta, os insetos se foram completamente, mas eu não conseguia girar a maçaneta. Eu sabia que se eu soltasse, os insetos voltariam, e eu não voltaria para o cômodo quatro. Eu apenas fiquei ali, minha cabeça pressionada contra a porta marcada 6, minha mão trêmula segurando a maçaneta. O zumbido era tão alto que eu não conseguia nem me ouvir fingir pensar. Eu não podia fazer nada além de prosseguir. O quarto 6 era o próximo, e ele era o inferno.

Fechei a porta atrás de mim, meus olhos fechados e meus ouvidos zunindo. O zumbido me rodeava. Assim que a porta fechou, o zumbido se foi. Abri meus olhos e a porta que eu fechei sumira. Era apenas uma parede agora. Olhei em volta em choque. O quarto era idêntico ao terceiro, a mesma cadeira e lâmpada, mas com a quantidade de sombras corretas dessa vez. A única real diferença é que a porta de saída, e a que eu vim, tinham sumido. Como eu disse antes, eu não tinha problemas anteriores nos termos de instabilidade mental, mas no momento eu sentia como se estivesse louco. Eu não gritei. Não fiz um som. No começo eu arranhei suavemente. A parede era resistente, mas eu sabia que a porta estava lá, em algum lugar. Eu apenas sabia que estava. Arranhei onde a maçaneta estava. Arranhei a parede freneticamente com ambas as mãos, minhas unhas começaram a ser lixadas pela parede. Cai silenciosamente de joelho, o único som no quarto era o incessante arranhar contra a parede. Eu sabia que estava lá. A porta estava lá, eu sabia que estava apenas lá, sabia que se eu pudesse passar pela parede-

"Você está bem?"

Pulei do chão e me virei rapidamente. Me encostei contra a parede atrás de mim e vi o que falou comigo, e até hoje eu me arrependo de ter me virado.

A garotinha usava um vestido branco que descia até seus tornozelos. Ela tinha longos cabelos loiros que desciam até o meio das suas costas, pele branca e olhos azuis. Ela era a coisa mais assustadora que eu já tinha visto, e eu sei que nada na vida será tão angustiante como o que eu vi nela. Enquanto eu a olhava, eu via a jovem menina, mas também via algo mais. Onde ela estava eu vi o que parecia com um corpo de um homem maior do que o normal e coberto de pelos. Ele estava nu da cabeça ao dedão do pé, mas sua cabeça não era humana, e seus pés eram cascos. Não era o diabo, mas naquele momento poderia muito bem ter sido. Sua cabeça era a cabeça de um carneiro e o focinho de um lobo. Era horrível, e era como a menininha a minha frente. Eles tinham a mesma forma. Eu não consigo realmente descrever, mas eu via os dois ao mesmo tempo. Eles compartilhavam o mesmo lugar do quarto, mas era como olhar para duas dimensões separadas. Quando eu olhava a menina, eu via a coisa, e quando eu olhava a coisa, eu via a menina. Eu não conseguia falar. Eu mal conseguia ver. Minha mente estava se revoltando contra o que eu tentava processar. Eu já tive medo antes na minha vida, e eu nunca tinha estado mais assutado do que quando fiquei preso no quarto 4, mas isso foi antes do sexto. Eu apenas fiquei ali, olhando para o que quer que fosse que falou comigo. Não havia saída. Eu estava preso lá com aquilo. E então ela falou de novo.

"David, você deveria ter ouvido"

Quando aquilo falou, eu ouvi palavras da menina, mas a outra coisa falou atrás da minha mente numa voz que eu não tentarei descrever. Não havia nenhum outro som. A voz apenas continuava repetindo a frase de novo e de novo na minha mente, e eu concordei. Eu não sabia o que fazer. Estava ficando louco e ainda assim eu não conseguia tirar os olhos do que estava na minha frente. Cai no chão. Pensei que tinha desmaiado, mas o quarto não deixaria isso acontecer. Eu apenas queria que isso terminasse. Eu estava de lado, meus olhos bem apertos e a coisa olhando pra mim. No chão na minha frente estava correndo um dos ratos de brinquedo do segundo quarto. A casa estava brincando comigo. Mas por alguma razão, ver esse rato fez a minha mente voltar de onde quer que ela estivesse, e olhar ao redor do quarto. Eu sairia de lá. Estava determinado a sair daquela casa e nunca mais pensar sobre ela novamente. Eu sabia que esse quarto era o inferno e não estava pronto para ficar lá. No começo apenas meus olhos se moviam. Eu procurava nas paredes por qualquer tipo de abertura. O quarto não era muito grande, então não demorou muito para que eu checasse tudo. O demônio continuava zombando de mim, a voz cada vez mais alta como a coisa parada lá. Coloquei minha mão no chão e fiquei de quatro, e voltei a explorar a parede atrás de mim. Então eu vi algo que eu não podia acreditar. A coisa estava agora diretamente nas minhas costas, sussurrando como eu não deveria ter vindo. Eu senti sua respiração na minha nuca, mas me recusei a me virar. Um grande retângulo foi riscado na madeira, com um pequeno entalhe no meio dele. E bem em frente aos meus olhos eu vi um 7 que eu tinha inconscientemente feito na parede. Eu sabia o que era. Quarto 7 estava bem onde o quarto 5 estava a momentos atrás.

Eu não sabia como eu tinha feito aquilo, talvez tenha sido apenas o meu estado no momento, mas eu tinha criado a porta. Eu sabia que tinha. Na minha loucura eu tinha riscado na parede o que eu mais precisava, uma saída para o próximo quarto. O quarto 7 estava perto. Eu sabia que o demônio estava bem atrás de mim, mas por alguma razão, ele não conseguia me tocar. Fechei meus olhos e coloquei ambas as mãos no grande 7 na minha frente. E empurrei. Empurrei o mais forte que pude. O demônio agora gritava nos meus ouvidos. Ele e dizia que eu nunca iria embora. Me dizia que esse era o fim, mas que eu não iria morrer, eu iria ficar lá no quarto 6 com ele. Eu não iria. Empurrei e gritei com todo o meu fôlego. Eu sabia que alguma hora eu iria atravessar a parede. Cerrei meus olhos e gritei, e então o demônio se foi. Eu fui deixado no silêncio. Me virei lentamente e fui saudado com o quarto estando como estava quando eu entrei, apenas uma cadeira e uma lâmpada. Eu não podia acreditar nisso, mas não tive tempo de me habituar. Me virei para o 7 e pulei levemente para trás. O que eu vi foi uma porta. Não a que eu tinha riscado lá, mas uma porta normal com um grande 7 nela. Todo o meu corpo tremia. Me levou um tempo para girar a maçaneta. Eu apenas fiquei lá, parado por um tempo, encarando a porta. Eu não podia ficar no quarto 6, não podia. Mas se isso foi apenas o quarto 6, não conseguia imaginar o que me aguardava no 7. Devo ter ficado lá por uma hora, apenas olhando para o 7. Finalmente, respirei fundo e girei a maçaneta, abrindo a porta para o quarto 7.

Cambaleei através da porta mentalmente exausto e fisicamente fraco. A porta atrás de mim se fechou, e eu me toquei de onde estava. Eu estava fora. Não fora como no quarto 5, eu estava realmente lá fora. Meus olhos ardiam. Eu queria chorar. Cai de joelhos e tentei, mas não consegui. Eu estava finalmente fora daquele inferno. Nem sequer me importava com o prêmio que foi prometido. Me virei e vi que porta que eu tinha acabado de atravessar era a entrada. Andei até o meu carro e dirigi para casa, pensando em o quão bom seria tomar um banho.

Assim que cheguei em casa, me senti desconfortável. A alegria de deixar a Casa Sem Fim tinha sumido, e um temor crescia lentamente em meu estômago. Parei de pensar nisso e fiz meu caminho para a porta da frente. Entrei e imediatamente subi para o meu quarto. Eu entrei lá e na minha cama estava meu gato Baskerville. Ele foi a primeira coisa viva que eu vi aquela noite, e fui fazer carinho nele. Ele sibilou e bateu na minha mão. Recuei em choque, ele nunca tinha agido assim. Eu pensei "tanto faz, ele é um gato velho". Fui para o banho e me aprontei para o que eu esperava ser uma noite de insônia.

Depois do meu banho, fui cozinhar algo. Desci as escadas e me virei para a sala de estar, e vi o que ficaria para sempre gravado em minha mente. Meus pais estavam deitados no chão, nus e cobertos de sangue. Foram mutilado ao ponto de estarem quase identificáveis. Seus membros foram removidos e colocados do lado dos seus corpos, e suas cabeças em seus peitos, olhando para mim. A pior parte eram suas expressões. Eles sorriam, como se estivessem felizes em me ver. Vomitei e comecei a chorar lá mesmo. Eu não sabia o que tinha acontecido, eles nem sequer moravam comigo. Eu estava confuso. E então eu vi. Uma porta que nunca esteve lá antes. Uma porta com um grande 8 riscado com sangue nela.

Eu continuava na casa. Estava na minha sala de estar, mas ainda assim, no quarto 7. O rosto dos meus pais sorriram mais assim que eu percebi isso. Eles não eram meus pais, não podiam ser. Mas pareciam exatamente como eles. A porta marcada com um 8 estava do outro lado, depois dos corpos mutilados na minha frente. Eu sabia que tinha que continuar, mas naquele momento eu desisti. Os rostos sorridentes acabaram comigo, me seguravam lá onde eu estava. Vomitei novamente e quase entrei em colapso. E então, o zumbido voltou. Estava mais alto do que nunca, enchia a casa e tremia as paredes. O zumbido me obrigou a andar. Comecei a andar lentamente, indo em direção a porta e aos corpos. Eu mal conseguia ficar em pé, ainda mais andar, e quanto mais perto eu ia dos meus pais, mais perto do suicídio eu estava. As paredes agora tremiam tanto que parecia que desmoronariam, mas ainda assim os rostos sorriam para mim. Cada vez que eu me movia, os olhos me seguiam. Agora eu estava entre os dois corpos, a alguns metros da porta. As mãos desmembradas rastejaram em minha direção, o tempo todo os rostos continuavam a me olhar fixamente. Um novo terror tomou conta de mim e eu andei mais rápido. Eu não queria ouvir eles falarem. Não queria que as vozes fossem iguais a dos meus pais. Eles começaram a abrir suas bocas, e agora as mãos estavam a centímetros dos meus pés. Em um movimento desesperado, corri até a porta, a abri, e bati com ela atrás de mim. Quarto 8.

Eu estava farto. Depois do que acabara de acontecer, eu sabia que não tinha mais nada que essa porra de casa pudesse ter que eu não pudesse sobreviver. Não havia nada além do fogo do inferno que eu não estava preparado. Infelizmente eu subestimei as capacidades da Casa Sem Fim. Infelizmente, as coisas ficaram mais perturbadoras, mais terríveis e mais indescritíveis no quarto 8.

Eu continuo tendo dificuldade me acreditar no que eu vi na sala 8. De novo, o quarto era uma cópia do quarto 6 e 4, mas sentado na cadeira normalmente vazia, estava um homem. Depois de alguns segundos de descrença, minha mente finalmente aceitou o fato de que o homem sentado lá era eu. Não alguém que parecia comigo, ele era David Williams. Me aproximei. Eu tinha que dar uma olhada melhor, mesmo tendo certeza disso. Ele olhou para mim e notei lágrimas em seus olhos.
"Por favor.... por favor, não faça isso. Por favor, não me machuque."

"O que?" Eu disse. "Quem é você? Eu não vou te machucar."

"Sim, você vai" Ele soluçava agora. "Você vai me machucar e eu não quero que você faça isso." Ele colocou suas pernas para cima na cadeira e começou a se balançar para frente e para trás. Foi realmente bem patético de olhar, principalmente por ele ser eu, idêntico em todos os sentidos.

"Escute, quem é você?" Eu estava agora apenas a alguns metros do meu doppelganger. Foi a mais estranha experiência que eu tive, estar lá falando comigo mesmo. Eu não estava assustado, mas ficaria logo. "Por que você-?"

"Você vai me machucar, você vai me machucar, se você quer sair você vai me machucar"

"Por que você está falando isso? Apenas se acalme, certo? Vamos tentar entender isso e-" E então eu vi. O David sentado lá estava usando as mesmas roupas que eu, exceto por uma pequena mancha vermelha bordada em sua camisa com um número 9"

"Você vai me machucar, você vai me machucar, não, por favor, você vai me machucar..."

Meus olhos não deixaram o pequeno número no seu peito. Eu sabia exatamente o que era. As primeiras portas foram simples, mas depois elas ficaram mais ambíguas. 7 foi arranhada na parede pelas minhas próprias mãos. 8 foi marcada com o sangue dos meus pais. Mas 9 - esse número era uma pessoa, uma pessoa viva. E o pior, era uma pessoa que parecia exatamente comigo.

"David?" Eu tive que perguntar.

"Sim... você vai me machucar, você vai me machucar..." Ele continuo a soluçar e a se balançar. Ele respondeu ao David. Ele era eu, até a voz. Mas aquele 9. Eu andei por alguns minutos enquanto ele chorava em sua cadeira. O quarto não tinha nenhuma porta, e assim como o 6, a porta da qual eu vim tinha sumido. Por alguma razão, eu sabia que arranhar não me levaria a nenhum lugar dessa vez. Estudei as paredes e o chão em volta da cadeira, abaixando a minha cabeça e vendo se tinha algo embaixo dela. Infelizmente, tinha. Embaixo da cadeira tinha uma faca. Junto com ela tinha uma nota onde se lia: Para David - Da Gerência.

A sensação em meu estômago quando eu li a nota foi algo sinistro. Eu queria vomitar, e a última coisa que eu queria fazer era remover a faca debaixo da cadeira. O outro David continuava a soluçar incontrolavelmente. Minha mente girava em volta de questões sem respostas. Quem colocou isso aqui e como sabiam meu nome? Sem mencionar o fato de que eu estava ajoelhado no chão frio e também estava sentado naquela cadeira, soluçando e pedindo para não ser machucado por mim mesmo. Isso tudo era muito para processar. A casa e a gerência estavam brincando comigo esse tempo todo. Meus pensamentos, por alguma razão, foram para Peter, e se ele chegou tão longe ou não. E se ele chegou, se ele conheceu um Peter Terry soluçando nesta cadeira, se balançando para frente e para trás. Eu expulsei esses pensamentos da minha cabeça, eles não importavam. Eu peguei a faca debaixo da cadeira e imediatamente o outro David se calou.

"David," ele disse na minha voz, "o que você pensa que vai fazer?"

Me levantei do chão e apertei a faca na minha mão.

"Eu vou sair daqui."

David continuava sentado na cadeira, mas estava bem calmo agora. Ele olhou pra mim com um sorriso fraco. Eu não sabia se ele iria rir ou me estrangular. Lentamente ele se levantou da cadeira e ficou de frente para mim. Era estranho. Sua altura e até a maneira que ele estava eram iguais a mim. Eu senti o cabo de borracha da faca na minha mão e apertei ela mais forte. Eu não sabia o que planejava fazer com isso, mas sentia que eu ia precisar dela.

"Agora" sua voz era um pouco mais profunda que a minha. "Eu vou te machucar. Eu vou te machucar e eu vou te manter aqui" Eu não respondi. Eu apenas o ataquei e o segurei no chão. Eu tinha montado nele e olhei para baixo, faca apontada e preparada. Ele olhou para mim apavorado. Era como se eu estivesse olhando para um espelho. E então, o zumbido retornou, baixo e distante, mas ainda assim eu o sentia no meu corpo. David olhou mim e eu olhei para mim mesmo. O zumbido foi ficando mais alto, e eu senti algo dentro de mim se romper. Com apenas um movimento, eu enfiei a faca na marca em seu peito e rasguei. A escuridão inundou o quarto, e eu estava caindo.

A escuridão em volta de mim era diferente de tudo que eu já tinha experimentado até aquele ponto. O Quarto 3 era escuro, mas não chegou nem perto dessa que tinha me engolido completamente. Depois de um tempo, eu não tinha nem mais certeza se continuava caindo. Me sentia leve, coberto pela escuridão. E então, uma tristeza profunda veio até mim. Me senti perdido, deprimido, suicida. A visão dos meus pais entrou na minha mente. Eu sabia que não era real, mas eu tinha visto aquilo, e a mente tem dificuldades em diferenciar o que é real e o que não é. A tristeza só aumentava. Eu estava no quarto 9 pelo que parecia dias. O quarto final. E era exatamente o que isso era, o fim. A Casa Sem Fim tinha um final, e eu tinha alcançado isso. Naquele momento, eu desisti. Eu sabia que eu estaria naquele estado pra sempre, acompanhado por nada além da escuridão. Nem o zumbido estava lá para me manter são. Eu tinha perdido todos os sentidos. Não conseguia sentir eu mesmo. Não conseguia ouvir nada, a visão era inútil aqui, e eu procurei por algum gosto na minha boca e não achei nada. Me senti desencarnado e completamente perdido. Eu sabia onde eu estava. Isso era o inferno. O Quarto 9 era o inferno. E então aconteceu. Uma luz. Uma dessas luzes estereotipadas no fim do túnel. Então eu senti o chão vir até mim, eu estava em pé. Depois de um momento ou dois para reunir meus pensamentos e sentidos, eu andei lentamente em direção a essa luz.

Assim que eu me aproximei da luz, ela tomou forma. Era uma luz saindo da fenda de uma porta, dessa vez sem nenhuma marca. Eu lentamente andei através da porta e me encontrei de volta onde eu comecei, no lobby da Casa Sem Fim. Estava exatamente como eu deixei. Continuava vazia, continuava decorada com enfeites infantis de Halloween. Depois de tudo o que aconteceu aquela noite, eu continuava desconfiado de onde eu estava. Depois de alguns momentos de normalidade, eu olhei em volta tentando achar qualquer coisa diferente. Na mesa estava um envelope branco com o meu nome escrito nele. Muito curioso, mas ainda assim cauteloso, juntei coragem para abrir o envelope. Dentro estava uma carta escrita à mão.

David Williams,

Parabéns! Você chegou ao final da Casa Sem Fim! Por favor, aceite esse prêmio como um símbolo da sua grande conquista.

Da sua eterna,

Gerência

Junto com a carta, tinham cinco notas de 100 dólares.

Eu não conseguia parar de rir. Eu ri pelo que pareceram horas. Eu ri enquanto andava até o carro e ri enquanto dirigia pra casa. Eu ri enquanto estacionava o carro na minha garagem, ri enquanto abria a porta da frente da minha casa e ri quando vi um pequeno 10 gravado na madeira.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Smile.dog ou Smile.jpg

Smile.dog ou Smile.jpg


Eu passei a mensagem... eu passei, não tenho culpa se você leu...
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“Eu me encontrei pessoalmente com Mary E. no verão de 2007. Tinha combinado com Terence, seu marido há quinze anos, de vê-la para uma entrevista. Mary inicialmente havia aceitado, já que eu não era um jornalista, mas sim um escritor amador coletando informações para alguns trabalhos de faculdade e, de acordo com o plano, algumas peças da ficção.

Marcamos a entrevista para um final de semana quando eu estava em Chicago, mas no último momento Mary mudou de ideia e se trancou no quarto do casal, recusando-se a me encontrar.

Durante meia hora, fiquei acompanhada com o Terence do lado de fora, escutando e tomando notas enquanto ele tentava, inutilmente, acalmar sua mulher. As coisas que Mary dizia faziam pouco sentido, mas se encaixavam no que eu estava esperando: embora eu não pudesse vê-la, eu podia dizer a partir de sua voz que ela estava chorando, e muitas de suas objeções para conversar comigo estavam centradas em uma diatribe incoerente em seus sonhos - ou pesadelos.

Em 2005, quando eu estava no segundo ano, Smile.jpg me chamou a atenção pelo meu interesse crescente em fenômenos da web; Mary foi a vítima mais citada do que é referido como "Smile.dog", como ficou a reputação do Smile.jpg.

O que despertou meu interesse (além dos óbvios elementos macabros da cyber-lenda e minha tendência para essas coisas) era a pura falta de informação, já que normalmente as pessoas não acreditam que isso exista e que não passam de um boato. É única porque, apesar dos fenômenos inteiros centrarem em um arquivo de imagem, esse arquivo não pode ser encontrado na internet; certamente é uma daquelas fotos manipuladas, que aparecem com maior frequência em sites como o image-board 4chan, especialmente o board /x/, focado em atividades paranormais.

Suspeita-se que sejam falsos, porque eles não têm o efeito que o Smile.jpg verdadeiro teria, ou seja, epilepsia do lobo temporal e ansiedade aguda. Essas reações no espectador é um dos motivos para a fantasmagoria do Smile.jpg ser vista como desdém, uma vez que isso seja absurdo, embora a depender de quem você perguntar, a relutância em reconhecer a existência do Smile.jpg possa envolver medo, não descrença.

Nem Smile.jpg, nem Smile.dog é mencionado em qualquer lugar na Wikipédia, embora o site apresente artigos sobre outros, talvez shocksites mais escandalosos como gotse (hello.jpg) ou 2girls1cup; ou qualquer tentativa de criar uma página referente ao Smile.jpg seja sumariamente excluída por um dos muitos administradores da enciclopédia.

Encontros com Smile.jpg são uma lenda da internet. A história de Mary E. não é única;
existem rumores não confirmados do Smile.jpg aparecendo nos primeiros dias em grupos de discussões e até mesmo num conto persistente que, em 2002, um hacker inundou o fórum de humor e sátira Something Awful com imagens do Smile.dog, fazendo com que todos os usuários do fórum entrassem em epilepsia. Diz-se também que, em meados dos anos 90, Smile.jpg circulou em um grupo de discussões como um anexo de e-mail corrente com o
Assunto : "SORRIA! DEUS AMA VOCÊ!".

Mas, apesar da enorme exposição que golpes publicitários geraram, poucas pessoas confessaram ter qualquer experiência e nenhum vestígio de arquivos ou links foi descoberto. Aqueles que afirmaram terem visto Smile.jpg inúmeras vezes davam a desculpa de estarem ocupados demais para salvar uma cópia da imagem em seu disco rígido.

No entanto, todas as supostas vítimas ofereceram a mesma descrição da foto: uma criatura canina (geralmente descrita como um Husky Siberiano), iluminado pelo flash da câmera, fica em uma sala escura. O único detalhe visível no fundo é uma mão humana se estendendo na escuridão perto do lado esquerdo. A mão está vazia, mas geralmente é descrita como "acenando". Naturalmente, a maior atenção é dada ao cachorro (ou criatura canina, como algumas vítimas estão mais certas de terem visto). O focinho da besta é supostamente dividido em um largo sorriso, revelando duas fileiras de dentes brancos, fortes e de aparência humana. Esta não é, naturalmente, uma descrição dada imediatamente após ver a imagem, mas uma recordação das vítimas, que alegam ter visto a imagem infinitamente em sua mente.

Na realidade, depois de terem ataques epilépticos.

Esses relatos continuaram, muitas vezes enquanto as vítimas dormiam, resultavam em pesadelos nítidos e perturbadores. Estes podem ser tratados com medicamentos, embora em alguns casos sejam mais eficaz que outros. Mary E., eu supus, não estava usando medicamentos.

Foi por isso que, depois da minha visita em seu apartamento em 2007, eu enviei notícia a websites, listas de discussões e newgroups voltados a folclores e lendas urbanas na esperança de encontrar o nome de uma suposta vítima de Smile.jpg que sentisse mais interessada em conversar sobre suas experiências. Por um tempo, nada aconteceu e eu finalmente esqueci sobre minhas buscas, desde que eu tinha começado o meu primeiro ano na faculdade e estava muito ocupado. No entanto, Mary entrou em contato comigo por e-mail, no começo de Março de 2008.
Para: jml@****.com
De: marye@****.net
Ass: Entrevista do último verão

Querido Senhor L.,

Estou incrivelmente desapontada sobre o meu comportamento no verão
passado, quando você veio me entrevistar. Espero que você entenda que
não era culpa sua, mas sim dos meus próprios problemas que me levaram
a agir daquela forma. Eu percebi que poderia ter lidado melhor com a
situação, no entanto, espero que me perdoe. Na época, eu estava com
medo.

Você vê, por 15 anos eu sou assombrada pelo Smile.jpg. O Smile.dog vem
a mim todas as noites, em meus sonhos. Sei que parece bobagem, mas é
verdade. Há uma qualidade inefável sobre meus sonhos, meus pesadelos,
que os torna completamente diferente de qualquer sonho real que eu
já tive. Eu não posso me mover e não posso falar. Eu só posso olhar
para frente, e a única coisa em minha frente é a cena daquela imagem
horrível. Eu vejo a mão acenando, e vejo Smile.dog. Ele fala para mim.

Eu pensei por muito tempo sobre minhas opções. Eu poderia mostrá-
lo a um estranho, um colega de trabalho... Eu poderia mostrá-lo para
o Terence, mas a ideia me repugnava. E o que aconteceria? Bem, se
Smile.dog mantivesse sua palavra, eu conseguiria dormir. No entanto,
se ele mentisse, o que eu faria? E quem iria me garantir que não
aconteceria algo pior, se eu fizesse como a criatura pediu?
Então, eu não fiz nada por 15 anos, embora mantivesse o disquete
escondido entre minhas coisas. Todas as noites, durante 15 anos,
Smile.dog veio para mim em meus sonhos e pediu para eu espalhar a
palavra. Por 15 anos, eu estava forte, embora tenha tido momentos
difíceis. Muitos dos meus colegas vítimas do board BBS - onde
encontrei Smile.jpg pela primeira vez - pararam de postar; ouvi que
alguns deles cometeram suicídio. Outros permaneceram em silêncio,
simplesmente desaparecendo da web. São estes com quem eu me preocupo
mais. Eu espero sinceramente que você me perdoe, Sr. L, mas no verão
passado quando você contatou a mim e meu marido sobre a entrevista eu
estava quase perdendo a cabeça. Eu ia te dar o disquete. Eu não me
preocupava se o Smile.dog estava mentindo ou não, eu só queria que
acabasse. Você era um desconhecido, alguém que eu não conhecia, e eu
pensei que eu não me sentiria culpada quando você levasse o disquete
como parte de sua pesquisa e selasse seu destino. Mas antes que
você chegasse eu compreendi o que estava fazendo: estava planejando
arruinar a sua vida.
Eu não podia fazer isso. Estou envergonhada, Sr. L, e espero que esse
aviso possa fazê-lo desistir de encontrar Smile.dog. Com o tempo você
pode encontrar alguém se não mais fraco do que eu, mais depravado,
alguém que não hesitará em seguir as ordens de Smile.dog.
Pare enquanto ainda é tempo.

Sinceramente,
Mary E.

Mais tarde naquele mesmo mês Terence me informou que sua esposa havia se matado. Enquanto limpava as várias coisas que ela havia deixado, fechando contas de e-mail e coisas do tipo, ele encontrou a mensagem escrita acima. O homem pedia desesperadamente que eu ouvisse o aviso de sua mulher.

Ele me contou que encontrou o disquete e o queimou até que se tornasse apenas um monte de plástico derretido. O que mais me intrigou, no entanto, foi ele ter dito que a pilha tomou a forma de algum animal. Admito que me faltaram palavras. No começo achei que o casal talvez estivesse fazendo algum tipo de piada comigo. Mas uma rápida olhada nos obituários dos jornais de Chicago me provou que era verdade. Mary E. estava morta. O artigo, no entanto, não citava suicídio.

Então decidi não perseguir mais smile.dog, pelo menos por enquanto, já que meus exames de meio de ano estavam se aproximando. Mas a vida tem maneiras estranhas de nos testar. Quase um ano depois de meu encontro com Mary E., eu recebo outro e-mail:
Para: jml@****.com
De: elzahir82@****.com
Ass: smile

Olá

Encontrei seu e-mail num fórum e seu perfil dizia que você está
interessado no Smile.dog. Eu já o vi e não é tão assustador como todos
dizem. Estou lhe enviando em anexo. Apenas espalhando a palavra.

: )


A última linha me deixou arrepiado.

Havia um arquivo em anexo: smile.jpeg. Fiquei indagando em abri-lo por algum tempo.
Certamente deveria ser um fake, e mesmo que não fosse eu ainda não estava convencido do poder da imagem. A morte de Mary E. me assustou, é verdade, mas preferi acreditar que ela tinha algum tipo de distúrbio mental. E além disso, como poderia uma simples imagem ser capaz de fazer aquilo? Que tipo de criatura seria essa capaz de levar alguém à loucura somente com o olhar?

Certamente um absurdo. Mas e se os avisos de Mary fossem verdadeiros? E se smile.dog entrasse em meus sonhos exigindo que eu espalhasse a palavra? Eu conseguiria ser tão forte como Mary, me recusando a colaborar até o último minuto de minha vida? Ou eu simplesmente espalharia a mensagem na esperança de ser poupado? E pra quem eu teria coragem de mostrá-la?

Se eu continuasse com o meu projeto original de escrever um pequeno artigo sobre smile.dog,
eu poderia anexar a imagem a ele. E qualquer outra pessoa que lesse o artigo seria também afetada.

Mas se o smile.dog anexado no e-mail for genuíno, seria correto me salvar dessa maneira?”

Mary E. era a administradora de sistema de um pequeno BBS em Chicago em 1992 quando encontrou pela primeira vez o Smile.jpg, que mudou sua vida para sempre. Ela e Terence estavam casados há apenas cinco meses. Mary foi uma das 400 pessoas que dizem ter visto a imagem quando foi postada em hiperlink no BSS, embora seja a única que falou abertamente sobre a experiência. O restante das pessoas permaneceram no anonimato, ou talvez mortas.